Estava em São Paulo na última semana de julho, para as aulas de pós graduação.
Aproveitei que uma amiga querida apresentaria sua qualificação de mestrado na USP, com o tema: “Caixas de brinquedos e brincadeiras: elementos de ressignificação da prática pedagógica em contexto” e resolvi prestigiá-la. Oha só o que me acontece no trajeto:
Acordo às 7hs (aliás, o despertador tocou às 7hs).
Bom, vamos lá:
Acordo às 7hs, troco de roupa, assalto a geladeira do meu irmão (quando venho à pós costumo ficar na casa dele).
Olho na janela, muita chuva e frio, estou doente e cheia de bagagem, não vai dar para ir de ônibus e metrô, então, chamo um taxi.
Chega um senhor japonês, grisalho, aparentando mais de sessenta anos, usando um aparelho auditivo.
Sorridente, me vê cheia de malas e me ajuda a guardá-las no carro.
Começamos nosso trajeto, trânsito engarrafado e taxímetro rodando, quando pergunto:
- São dez quilômetros de distância né?
- Não sei. – Responde o japonês, rindo.
- Pelo que vi no Google map, são dez sim.
- Viu na internet?
- Sim. – Respondi.
- Não sei usa computador então nem comprei.
- E GPS?
- GPS fala tudo errado, moro no Jaraguá e o GPS me faz dar muitas voltas para chegar lá.
Silêncio...
Curiosa em saber se ele veio do Japão (por que teimo que todos japonês vem do Japão?), pergunto:
- O senhor nasceu em São Paulo?
- Não, sou de Pedregulho. Cidade do Quércia. Conhece o Quércia?
- Não pessoalmente. – Respondo.
- Os pais dele moram em Pedregulho. Tinham um sítio pequeno e agora eles têm uma fazenda cheia de gado.
- E o senhor, tem fazenda lá em Pedregulho?
- Eu não (risos). Tenho um parente que planta café.
- Café dá dinheiro né?
- Depende. Acho que não. Choveu “granito” ontem. Pedra desse tamanho (fez uma bola com a mão).
- Mas é só uma fase ruim, logo o tempo irá melhorar!
- Vai sim.
Silêncio...
Entramos na USP, erramos o caminho, taxímetro rodando, pedimos informações e enfim chegamos ao nosso destino.
Ao descer do carro, aquele simpático senhor japonês (que não nasceu no Japão), abre o porta luvas, pega umas balinhas e diz:
- Balas de gripe japonesa.
- O que? Além da gripe suína existe a gripe japonesa? (pergunto rindo).
Ele ri e diz:
- Essa é da boa. Você vai sarar.
Nos despedimos e aqui estou eu, chupando essa bala ardidíssima enquanto escrevo! Na esperança de sarar logo dessa gripe e de ter uma voz menos rouca e máscula e claro, agradecendo pelo carinho e a simpatia do taxista japonês que veio de Pedregulho.
Alias, já repararam que os taxistas de São Paulo não são naturais de São Paulo?
3 comentários:
Gostei muito do texto e da forma como vc escreve.. :)
A bala resolveu o problema? (voz menos máscula foi ótimo.. rs)
Bjos
Dando liberdade as palavras do coração
isso é ótimo!
beijos
Ai, Mel, ri muito com o "bala de grie japonesa"!!!! Hahahaha!!! Como sou descendente, entendi o que o cara disse!!! Depois te explico. Bobagem, mas ri muito!!! Adorei!!!! Beijos!
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