Minha primeira experiência
no setor social foi na adolescência, participava do grupo 3S: Saliva, suor e
sola de sapato. Visitávamos moradores rurais da cidade de Pindamonhangaba-SP e
realizávamos um trabalho de doações, prevenção e promoção da saúde.
Na faculdade, fui voluntária no grupo de Alfabetização
Solidária para jovens e adultos da região norte e nordeste. Além de encontros,
contações de histórias e brincadeiras com as crianças do Lar da Criança Irmã
Julia.
Minha experiência como educadora da rede publica me
ensinou a não ter uma postura tão assistencialista (que a vida me mostrou que
realmente eu tinha) e a começar a desenvolver uma conduta libertadora, capaz de
estimular pessoas a reconhecerem o que fazem de melhor e o que querem ou
precisam desenvolver.
Tenho um viés voltado para o lúdico, que privilegia a
alegria da infância e do espirito jovem que habita em todos nós. Trabalhei como
monitora de acampamentos, animadora de festas infantis (fantasiada de Emilia),
e sempre tive um foco grande na educação infantil.
Em 2007, fiz um curso de formação de brinquedistas, e foi
quando descobri que o brincar não era nada daquilo que eu imaginava e
alimentava no meu trabalho e nas minhas atitudes.
Fazer a pós-graduação em Educação Lúdica e ter mestres como Wellington Nogueira
(Doutores da Alegria), Zé Ricardo Grilo (Uno&Verso), Edgard Gouveia Junior
(Instituto Elos), Fábio Brotto (Cooperar), Lucia (Palas Athenas) Luiza Lameirão
(Waldorf) e Peo (Casa Redonda) e ser orientada por Adriana Friedmann, me
mostrou um mundo que até então confesso que desconhecia.
Descobri um brincar verdadeiro, espontâneo, livre de
preconceitos e “roupagens” e me infiltrei num mundo que eu chamaria de
“encantamento natural”. Aquele que não precisamos de brinquedos, coisas,
materiais ou dinheiro. Aquele que vem de dentro para fora e que emerge do
contato com o outro, com a natureza, com aquilo que é verdadeiramente belo e
natural.
Enquanto formanda do Curso de Líderes e consultores da
ADIGO, participava de um encontro de consultores quando conheci Silvio Urbano. Dentre vários assuntos, que iam desde questões política/educacionais a “como
cuidar de uma orquídea para que ela sempre tenha flores”, Silvio me apresentou
o Germinar, programa de formação de líderes voltados ao Terceiro Setor, e todo trabalho que é desenvolvido, comentando que a próxima turma
seria em Ubatuba e começaria no dia seguinte ao encontro. Muito entusiasmada
com todo o Programa, me inscrevi, e fui, em um mesmo dia, de São Paulo a São
Carlos e de São Carlos a Ubatuba.
Logo no momento de integração e apresentação da turma
senti uma gratidão muito grande por estar entre pessoas tão especiais. Meu
primeiro impacto foi o despertar para a simplicidade da vida e
recordar/reconhecer quantas pessoas estão envolvidas indireta/diretamente em
minha vida e sobrevivência.
Comer um peixe pescado por alguém do grupo e uma polpa de
palmito Jussara colhidos por outros me gerou a seguinte reflexão: Quantas vezes
já comi um peixe sem recordar todo o processo até ele chegar ao meu prato? –
Neste momento me caiu a primeira ficha: Que tal passar a valorizar mais a
simplicidade das coisas ao invés de ampliar as dificuldades da vida?
Fazer a carta para eu mesma e abrí-la após alguns meses
foi muito emocionante e movimentou, de forma conjunta, meu pensar, sentir e
querer.
A partir daí, fichas não pararam de cair e meu “orelhão”
chamado “individuo integrado a natureza e a humanidade”, começou a se abrir e a
ficar satisfatoriamente pesado com tantas fichas.
Se eu tivesse que definir o Germinar, o que foi o
Germinar para mim, eu diria: Abertura. Me abri para o novo, ou para um novo
velho ou velho novo que até então havia abandonado: EU MESMA. Compreendi que,
para efetivamente ajudar ao próximo, mas ajudar de verdade, eu precisaria me
ajudar primeiro, e foi aí que iniciei (sem data para terminar) meu caso de amor
comigo mesma! E comecei a me questionar: O que eu quero? Quem eu sou? O que
realmente é permanente na vida? O que realmente devo valorizar e priorizar?
Hoje vejo que tive, em 2011, um inverno de verdade, foi o
inverno mais frio, turbulento e transformador: Mudar não é fácil! Para deixar
de ser o que sou ou era, preciso deixar de fazer, pensar e sentir as mesmas
coisas.
Em seguida, tive a primavera mais florida da minha vida:
me perdoei de alguns “erros”, me separei de alguns problemas e pessoas,
reativei coisas que me faziam bem e busquei novas experiências e amizades.
Meu verão, que de 40graus foi se tornando cada vez mais
refrescante a partir da decisão que tomei, após o quarto módulo de germinar, de
me tornar autônoma: da minha vida: pessoal e profissional!
Atualmente, tenho um projeto de palestras e vivências
para alunos do ensino médio de escolas públicas e privadas, cujo tema “O jovem,
a profissão e a vida” é destacado a partir dos arquétipos da visão integrada do
ser humano e das organizações, abordando o pensar, sentir e querer e as pontes
que ligam o individuo a organização, com a finalidade de auxiliar jovens na
escolha sadia e consciente da profissão ou faculdade.
Quero participar da formação de multiplicadores, porque,
depois que vi o livro do Germinar e li tantos relatos de pessoas que
transformaram sua biografia e, consequentemente contribuíram para transformarem
novas biografias, desejei: Quero aprender com essas pessoas e quero poder, de
alguma forma, compartilhar tudo que já aprendi e vivi!
A palavra Germinar, não é por acaso, é um conceito de
“plantar uma nova semente, uma nova forma de ver, sentir e atuar a própria
vida” e o mais bacana: compreendermos que somos os únicos responsáveis pelas
mudanças na nossa vida e que somos sim, capazes, de fazê-las por própria
determinação.
Espero poder colaborar, de uma forma aberta e inteira,
para que muitas e muitas sementes germinem nesses seres que já possuem, dentro
de si, habilidades, conhecimentos e capacidades de serem melhores do que já são
e contribuírem para que sua comunidade também se desenvolva.
Inspiro-me na história contada pelo Tiago Sartori, no 5º
módulo, sobre um homem que queria ser o prefeito da cidade, o presidente do
país, mudar o mundo, mas seus esforços iam em vão. Só conseguiu realmente mudar
quando mudou a si mesmo e suas próprias atitudes, a partir daí começaram a
ocorrer mudanças em sua família, com seus vizinhos, em sua cidade, em seu
estado, em seu país, e hoje seus ensinamentos incentivam pessoas do mundo todo,
a serem heróis de verdade
e construírem sua jornada de
herói com determinação, consciência, alegria e claro, encantamento